Fases da Produção Industrial: do Artesanato à Quarta Revolução Industrial
A evolução do processo de transformação de matérias-primas em produtos acabados ocorreu em quatro fases: artesanato, manufatura, indústria e revolução técnico- científica.
O artesanato foi a primeira etapa da transformação das
matérias-primas. Essa atividade é praticada até hoje principalmente nos países subdesenvolvidos ou como atividade artística. Para a confecção de um objeto o artesão
pode realizar sozinho
todas as etapas da transformação da matéria-prima
em produto acabado ou contar com algum ajudante, mas sem caracterizar uma divisão do trabalho.
A manufatura é a etapa intermediária entre o artesanato e a maquinofatura. Nessa etapa, além do trabalho manual, havia o emprego de máquinas simples e a divisão do trabalho e o trabalhador era assalariado. A manufatura predominou nos séculos XV e XVI, período que marcou o fim da Idade Média e início da Idade Moderna.
A Revolução Industrial e suas fases
A Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX) ocorrida na Inglaterra disseminou-se por outros países da Europa Ocidental, pelo Japão, Estados Unidos e Canadá.
A nova atividade transformou e agilizou o que antes era
chamado de artesanato e manufatura, além de consolidar, através do imperialismo, a expansão do sistema capitalista pelo mundo então conhecido.
A Primeira
Revolução Industrial
A Inglaterra foi o berço da atividade industrial. O pioneirismo inglês pode ser explicado por alguns fatores
ou acontecimentos:
•
Acúmulo de capital
proveniente do mercantilismo e do colonialismo na fase do capitalismo comercial
(do século XVI ao XVIII).
•
O Estado sob controle da burguesia desde a Revolução
Gloriosa (1688), que instalou a primeira monarquia parlamentar.
•
Importantes reservas
de carvão mineral e minério de ferro.
•
Matérias-primas fornecidas pelas colônias, que formavam o maior império da época.
•
Excesso de mão-de-obra causado pelo êxodo rural.
•
O isolamento de seu território em relação às guerras
continentais na Europa.
•
A posição de seus portos,
o que favoreceu os transportes e o escoamento da produção e a importação de matérias-primas.
A “nova indústria” (maquinofatura) tem como principal diferencial do artesanato e da manufatura o uso da máquina no processo de fabricação.
A
grande novidade foi a máquina a vapor, criada por Thomas Newcomen, em 1712, e aperfeiçoada por James Watt, em 1765.
A energia produzida pelo vapor criou condições para que a nova atividade se
desenvolvesse e, ao mesmo tempo, favoreceu uma grande transformação dos meios
de transporte.
O primeiro tear movido a vapor surgiu em 1787, mais
aperfeiçoados do que os teares hidráulicos desenvolvidos por Richard Arkwright
(1769) e Samuel Crompton (1779)
e o tear mecânico de Edmund Cartwright
(1785). Essas invenções impulsionaram as indústrias
têxteis, uma das principais atividades desse período, chamado de Primeira Revolução
Industrial.
A
energia produzida pelo vapor também foi aplicada nos transportes mais
utilizados na época. Em 1787, Robert Fulton adaptou-a aos navios e, em 1803, George
Stephenson construiu a primeira locomotiva a vapor.
Nessa fase o carvão mineral teve grande importância como
fonte de energia, utilizada nas novas
invenções, o que explica a localização das primeiras indústrias nas proximidades das bacias carboníferas, na Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos.
Mas a atividade industrial não parou aí. Com o passar do
tempo, novas técnicas foram criadas,
novas formas de produção surgiram, e a economia mundial passou a girar em torno da indústria.
A foto a seguir mostra um caminho
de ferro (estrada
de ferro) das minas de carvão inglesas em 1767. Posteriormente o vapor foi utilizado para o transporte ferroviário, o que tornou possível
maior rapidez.
Fonte: COELHO, Marcos de Amorim & TERRA, Lygia. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2003.
A Segunda Revolução
Industrial
Na segunda metade do século XIX (1860),
a indústria assume uma nova “fisionomia”,
com outras descobertas tecnológicas, novos setores industriais e fontes de energia: o petróleo
e a eletricidade. A metalurgia, a siderurgia e a indústria de automóveis adquirem
grande importância. É a Segunda
Revolução Industrial.
As
principais novidades da Segunda Revolução Industrial foram a transformação do ferro em aço (processo Bessemer, inventado
por Henry Bessemer, em 1856); a invenção do dínamo e do primeiro gerador elétrico (Michael
Faraday, em 1837), do motor de
combustão interna (aperfeiçoado por Gottieb Daimler,
Karl Benz e Rodolf Diesel, em 1883 e 1892) e do telefone
(inventado em 1867 por Alexander
Graham Bell).
Novos métodos
de trabalho: o fordismo
Para cumprir satisfatoriamente sua finalidade no
capitalismo, isto é, gerar lucro, a indústria procurou
aperfeiçoar as formas
de trabalha e de produção.
O
engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor inovou com o método que ficou conhecido como organização científica
do trabalho ou taylorismo, que usou pela primeira vez os conceitos de seleção e
treinamento de empregados e procurou obter deles a maior produtividade possível nos primeiros anos do século XX. Segundo
Taylor, o empregado deveria executar
uma tarefa, com o menor gasto de tempo e energia possível, seguindo o que foi determinado por seus superiores.
Com isso, além de ficar alienado do processo de produção como um todo, ele trabalharia mais e o lucro das empresas aumentaria.
Na primeira década do século XX, Henry Ford, o magnata da indústria de automóveis
nos Estados Unidos, aperfeiçoou as teorias de Taylor, introduzindo o método que ficou conhecido como fordismo, caracterizado pela
especialização do trabalhador, pela linha de montagem
e pela produção em série.
No fordismo o trabalhador era apenas (e ainda é nas empresas
que não se modernizaram) uma
peça do sistema produtivo, que poderia ser substituído por outro, tão logo se tornasse inútil à realização das
tarefas a ele atribuídas. O trabalhador da linha de montagem realizava tarefas repetitivas por vários anos. Ele não
tinha acesso a outras tarefas justamente para evitar a possibilidade de alguns operários, mais criativos, ampliarem
o conhecimento sobre as técnicas
produtivas. Por essa razão afirmava-se que o trabalho alienava o homem (o
trabalhador).
O fordismo aproveitou ao máximo a força de trabalho e só
enfraqueceu, no fim do século XX, com a introdução de novos métodos
de trabalho (pós-fordismo).
A seguir, a foto da esquerda mostra
a linha de montagem da Ford Motor Company, em 1913, no estado de Michigan (EUA). A
linha de montagem, uma das inovações introduzidas
por Henry Ford no processo de produção que ficou conhecido por fordismo, vira sinônimo de produção em série. Na
foto da direta Charles Chaplin, no filme Tempos Modernos, denuncia o caráter desumano
do trabalho no modelo de produção fordista, desenvolvido
no início do século XX.
Fontes: COELHO, Marcos de Amorim & TERRA, Lygia. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2003. TAMDJIAN, James Onnig & MENDES, Ivan Lazzari. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: FTD, 2004.
A Terceira Revolução Industrial
A invenção do computador (1946) acelerou o processo da
informatização e o desenvolvimento
das indústrias ligadas ao setor. Na segunda metade século XX deu-se o início
da chamada Terceira
Revolução Industrial ou Revolução Tecnológica.
Nas últimas décadas do século XX, outras inovações
tecnológicas transformaram profundamente
a economia industrial. O uso do computador pessoal, o conhecimento de fontes de energia
alternativas (solar, eólica,
biomassa, das marés),
a mudança na organização do trabalho (pós-fordismo) e o crescente emprego da informática na produção industrial deram uma nova roupagem ao processo de industrialização.
As principais indústrias da Segunda Revolução
Industrial (automobilística, metalúrgica, siderúrgica) ainda são muito
importantes, mas as atividades econômicas que
mais crescem são aquelas que “vendem” serviços
(informática, telecomunicações, robótica)
e são chamadas de “indústrias inteligentes” ou setor
terciário moderno.
A foto a seguir mostra a linha de produção da Fiat em Betim (MG), em maio de 2000. A partir da Terceira Revolução Industrial surgiu um novo modelo de fábrica. Nota- se a preocupação com o ambiente de trabalho limpo e claro, para aumentar a produtividade. A tendência é a eliminação cada vez mais do número de trabalhadores não só nas indústrias automobilísticas como também em todos os tipos de indústrias, devido ao intenso processo de automação e robotização das atividades produtivas.
LINHA DE MONTAGEM DA FIAT – BETIM (MG)
Fonte: TAMDJIAN, James Onnig & MENDES,
Ivan Lazzari. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: FTD,
2004.
Os antigos fatores de localização industrial (fontes de
energia, matéria-prima) perdem um
pouco sua força. As indústrias buscam outras vantagens como incentivos fiscais,
mão-de-obra barata e mercados consumidores, facilidade de transporte e comunicação (infovias).
Por isso ocorreu uma reorganização do espaço industrial no mundo.
As empresas transnacionais diversificam sua forma de atuação
para reduzir custos
e aumentar o lucro. Entre as
estratégias utilizadas, podemos citar as fábricas
globais e terceirização.
Na Terceira Revolução
Industrial surge também
a “indústria da vida”, responsável pelos grandes avanços
verificados na medicina
e na agropecuária: a biotecnologia.
Se, por um lado, a descoberta de novos remédios ajuda
milhares de pessoas, e as pesquisas
biotecnológicas aumentaram a quantidade de alimentos, essas novidades têm suscitado
polêmicas e discussões quanto à ética de seus procedimentos.
Em primeiro lugar, estão os efeitos que os alimentos
transgênicos (modificados geneticamente)
podem causar no ser humano. Até o presente momento não há ponto pacífico sobre os transgênicos, ou seja,
se faz mal ou não à saúde. Também discute-se a
validade da clonagem de animais e de seres humanos não só no campo da
ética como também no campo da
religião. Clonagem é o processo de multiplicação de células de um indivíduo
que dá origem a outro indivíduo geneticamente igual.
A maior descoberta desse setor foi o mapeamento genético do homem (o genoma),
que deverá contribuir muito para a medicina, uma vez que permite a identificação do gene responsável por determinada
doença.
Just in time – o pós-fordismo
No século XXI, o fordismo está ultrapassado. A nova indústria precisa de um trabalhador criativo e que participe de todo o processo de produção, aumentando, cada vez, a demanda pelo trabalhador qualificado e polivalente para operar as máquinas e contribuir para a melhoria da produção. Assim, não deve haver mais a rígida separação entre a direção (que pensa) e o operário (que executa). A linha de montagem pode ser operada pelo computador, e a empresa pode empregar mão-de-obra terceirizada (temporária ou autônoma). Para evitar desperdício os estoques (matéria-prima e produtos acabados) são calculados levando em consideração as solicitações do mercado. Esse novo sistema que surgiu na década de 1950 no Japão é denominado just in time ou toyotismo.
Quarta Revolução Industrial
Para entendermos como chegamos à Quarta Revolução Industrial é necessário olhar para as três revoluções anteriores e analisar como cada uma delas mudou a forma de ser e estar no mundo em sua época.
Recapitulando:
1) Primeira Revolução Industrial. Tem início
por volta de 1750. Alguns historiadores falam do ano de 1784, quando foi
inventado o tear mecânico por Edmund Cartwright que usava o vapor como
fonte de energia. O tear mecânico foi um marco desta primeira revolução
industrial. Tear é uma máquina usada para fabricar tecidos.
2) Segunda Revolução
Industrial. Em 1870 começa a produção em grande escala baseada na
eletricidade. Inventa-se a cadeia de montagem e o setor industrial vive uma
extraordinária aceleração. Em 1914 surge o fordismo, modelo de produção industrial.
O fordismo se caracterizava pela linha de montagem automatizada, trabalho
especializado e controle de qualidade no final do processo produtivo. Os principais objetivos era o aumento da
produtividade e a diminuição dos custos de produção.
3) Terceira
Revolução Industrial. Em 1969, com a informática, começa o período
de programação das máquinas, o que resulta em uma progressiva automatização.
O conceito de Quarta Revolução Industrial foi dado em 2016 pelo engenheiro e economista Klaus Martin Schwab (1938...), fundador do Fórum Econômico Mundial (1971). Disse ele: "A Quarta Revolução Industrial gera um mundo no que os sistemas de fabricação virtuais e físicos cooperam entre si de uma maneira flexível a nível global"
Trata-se de um conceito que abrange a automação industrial e a integração de diferentes tecnologias como
inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem,
nanotecnologia etc. Desta forma, promove a digitalização das atividades industriais melhora os processos e aumenta a produtividade.
Como surgiu a quarta revolução industrial
Por volta de 2014 surgem as fábricas inteligentes e a gestão online da produção. Disse o engenheiro alemão Schwab, no seu livro A Quarta Revolução Industrial: "Estamos à beira de uma revolução tecnológica que modificará a forma que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em uma escala de alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o gênero humano já experimentou antes".
Realmente esta quarta revolução industrial está
trazendo grandes transformações para todos por três motivos: velocidade das
inovações, alcance e impacto sem precedentes.
Vantagens e desvantagens da quarta revolução industrial
Qualquer modificação nas formas de trabalho e como nos relacionamos traz vantagens e desvantagens. Mas também traz novas oportunidades. As vantagens da Quarta Revolução Industrial são evidentes:
a) melhoria
da produtividade;
b) eficiência
e qualidade nos processos produtivos;
c) segurança
para os trabalhadores pela redução de empregos em locais perigosos e diminuição
do trabalho monótono
d)
aumento da
competitividade;
e) desenvolvimento de produtos personalizados etc.
Sobre as desvantagens
é possível verificar o seguinte:
a) a rápida velocidade
das mudanças dificulta o acompanhamento profissional, gerando desemprego;
b) riscos cibernéticos
que obrigam a redobrar a cibersegurança;
c) elevada dependência
tecnológica e a exclusão digital;
d) escassez de pessoal
qualificado etc,
Desde
o início desta quarta revolução industrial já era previsto o desaparecimento de
inúmeras profissões e milhões de empregos como consequência da robotização.
Entretanto, tal situação pode se converter em novas oportunidades, já que com o
aparecimento de novas tecnologias surgem novas
profissões que criam milhões de postos de trabalho em setores
emergentes. O grande problema são os sistemas públicos de ensino em geral de
países como o Brasil que não cobram aprendizado suficiente desde quando os jovens
ingressam na escola.
Tecnologias da quarta
revolução industrial
Sem dúvida
a Inteligência Artificial se
apresenta como tecnologia fundamental com profundo impacto na economia, na
sociedade e no mercado de trabalho. Vejamos algumas tecnologias:
Internet
das coisas. Esta tecnologia,
que nasceu para estabelecer uma
conexão entre o mundo físico e o digital, revolucionou numerosos
setores. Bilhões de dispositivos já estão interconectados e isto vai aumentar até
que tudo esteja conectado.
Robôs. A robótica está sempre em evolução. Os
robôs são criados especialmente para interagir fisicamente com os humanos em
ambientes colaborativos. São peças-chave na indústria. Otimizam a produção e
afastam os trabalhadores das tarefas monótonas ou perigosas.
Big
data. Informação é poder. Permite
a gestão e interpretação de dados em massa com fins empresariais, sobretudo
quando se trata de tomar decisões e criar estratégias de mercado.
Impressão
3D. É possível desenvolver produtos
tridimensionais de forma rápida, precisa e econômica com uma impressora 3D.
Esta tecnologia é usada em diferentes setores, tais como arquitetura,
engenharia, design etc.
Nanotecnologia. Trata-se do estudo e controle de
materiais em escala nanométrica, que trabalha com átomos e moléculas. É usada
em diversos setores: Medicina, Eletrônica,
Ciência de Materiais, Engenharia, Tecnologia da Informação etc.
O nanômetro corresponde a um bilionésimo do metro
(0,000000001 m), e foi definido pela Universidade Científica de Tóquio, em 1974.
A resistência dos trabalhadores nos primórdios da revolução industrial e o impacto das tecnologias
no trabalho
A exploração da força de trabalho, expressa principalmente em baixos salários e longas e exaustivas jornadas de trabalho (de 12, 14 e até 16 horas diárias), fez com que surgissem, inicialmente na Europa e nos Estados Unidos, movimentos de resistência e de luta por parte dos trabalhadores.
Durante a primeira
metade do século XIX, as greves operárias
ocorridas especialmente na Inglaterra fortaleceram a constituição de sindicatos, associações e partidos
políticos, que passaram a defender os interesses dos trabalhadores junto à
classe patronal e ao poder público.
Gradativamente, o movimento operário expandiu-se pelo
mundo. No início do século
XX, nasceram as primeiras entidades sindicais brasileiras, que passaram
a organizar greves por melhores condições
de trabalho e de renda, redução da jornada de trabalho para
8 horas diárias e criação de leis trabalhistas que, até então,
não existiam.
A partir do século XXI há aceleramento de novas
tecnologias incorporadas ao trabalho, resultando em extinção de inúmeros postos
de trabalho e o surgimento de novas atividades. Plataformas que operam vendas
de produtos e serviços tornaram realidade em todo o mundo, mudando totalmente a
natureza do trabalho.
O que esperar do futuro?
Em matéria intitulada “Uma nova classe de pessoas deve
surgir até 2050: a dos inúteis”, o site Época Negócios online
(publicado em 16/01/2018 e atualizado em 27/06/2019),
acessado em 14/06/2023, traz artigo publicado pelo jornal The Guardian
do escritor israelense Yuval Noah Harari, professor da universidade hebraica de
Jerusalém, alertando que o avanço da inteligência artificial substituirá os
humanos na maioria dos trabalhos que hoje existem. Surgirão novas profissões,
mas a maioria não conseguirá se qualificar para as novas funções. A nova classe
que deve surgir até 2050, a dos inúteis, será formada por
“pessoas que não serão apenas desempregadas, mas que não serão
empregáveis", diz o historiador.
Essa nova classe se destina a ser alimentada por um sistema de renda básica universal, entretanto, a grande questão será como manter tanta gente satisfeita e ocupada. “As pessoas devem se envolver em atividades com algum propósito. Caso contrário, irão enlouquecer. Afinal, o que a classe inútil irá fazer o dia todo?”, arremata o historiador. Matéria completa em: https://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2018/01/uma-nova-classe-de-pessoas-deve-surgir-ate-2050-dos-inuteis.html – Acessado em 13/06/2023.
Os prósperos anos da década de 1920 e a crise econômica de 1929
Durante a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos conheceram um período de grande prosperidade econômica, pois se tornaram os principais fornecedores de matérias- primas, alimentos e armamentos para os países europeus envolvidos no conflito, ao mesmo tempo passou a atuar nos mercados abandonados por esses países. No fim da Guerra os Estados Unidos haviam se tornado extremamente competitivos e detentores de grandes conquistas tecnológicas e industriais.
Teve início, então, uma era de rápida prosperidade, na
qual o governo estava afastado da
esfera econômica, a produção industrial crescia e os bancos incentivavam o consumo
através do crédito
fácil ao cidadão
comum.
O
automóvel e o rádio marcaram essa época de euforia, também chamada de Big Bussiness (Grandes Negócios). O cinema
encarregou-se de passar ao mundo a imagem
do sonho americano (American dream), com casas que
ostentavam um rádio na sala e um carro
na garagem. Toda a produção de eletrodomésticos era velozmente consumida pela população. Havia um abismo entre a riqueza
dos Estados Unidos e a do resto do mundo. Ao
estabelecer normas de protecionismo aos produtos nacionais, os norte-americanos fecham as portas às exportações européias,
impedindo o restabelecimento dos países destruídos pela guerra e prejudicando o funcionamento do mercado mundial.
Mais tarde os efeitos
dessa situação repercutiriam na economia norte-americana. Logo, suas indústrias passaram
a produzir mais do que a população
podia consumir. Refazendo
lentamente suas economias, os
países europeus diminuíam as importações de alimentos dos Estados Unidos e não
possuíam recursos para comprar os bens de consumo que inundavam o mercado do país.
Na pôde evitar a crise econômica que atingiu o auge com a quebra da bolsa de
Nova York em 1929. Com a economia destruída, as
indústrias falidas, a construção
civil paralisada, doze milhões
de desempregados e, mais do que tudo, com pessoas
desesperadas que perderam
tudo o que haviam conseguido; a economia norte-americana entrou em colapso.
O notável
crescimento da economia
dos Estados Unidos
na década de 1920,
impulsionado pelo liberalismo econômico, teve um final infeliz com a crise de
1929 na Bolsa de Valores de Nova York. A década
de 1930 foi de reconstrução; do New Deal e do Estado de Bem-Estar Social. Em 1939, o
país foi “beneficiado” por uma nova guerra mundial,
passando a dominar a economia do mundo capitalista a partir do fim desse conflito,
em 1945.
De 1945 até o início dos anos 1990, no período historicamente denominado guerra fria, os Estados Unidos disputaram com a
então União Soviética (URSS) a hegemonia mundial.
A partir do início da década de 1990, com o fim da guerra
fria, os Estados Unidos assumiram o lugar de uma potência
militar e econômica
do mundo. Nenhum país, isoladamente, fez frente ao poderio da nação norte-americana.
Fatores de localização industrial
Os fatores que determinam a localização das indústrias variam ao longo do tempo e conforme o tipo de indústria que se deseja implantar. Vejamos uma relação de fatores que atraem as indústrias de um modo geral.
Matérias-primas, fontes de energia, mão-de-obra com baixa
remuneração (pouca qualificação),
mão-de-obra muito qualificada, mercado consumidor, infra-estrutura de transportes, rede de telecomunicações, incentivos fiscais, disponibilidade de água etc.
Esses fatores não estão necessariamente condicionados a uma ordem de importância, pois podem variar
de um tipo de indústria
para outro. Durante
a primeira fase da Revolução
Industrial (meados do século XVIII até meados
do XIX) as jazidas de carvão mineral
eram importantes para a localização das fábricas, visto que o carvão era a fonte
de energia usada nas
máquinas. Por esta razão, ocorreu uma intensa industrialização nos arredores das principais bacias carboníferas, por exemplo: Yorkshire e Lancashire, na Grã- Bretanha; Pas-de-Calais e
Alsácia-Lorena, na França; vales dos rios Ruhr e Sarre, na Alemanha;
Montes Apalaches, nos Estados Unidos.
A partir da Segunda metade do século XIX, o petróleo e a
eletricidade passaram a ser mais
utilizados, possibilitando a dispersão das indústrias devido a facilidade de se transportar a energia gerada por essas fontes energéticas.
Convém destacar que o petróleo é essencial para a fabricação de plásticos,
borrachas, tecidos sintéticos, tintas, fertilizantes, cosméticos etc. A indústria petroquímica é um importante
desdobramento da indústria petrolífera, inicialmente implantadas nas proximidades das jazidas de petróleo.
A presença de minérios no Quadrilátero Ferrífero
(Minas Gerais) motivou
a presença de indústrias
siderúrgicas nas proximidades daquelas reservas. As indústrias madeireiras e de papel e celulose,
desenvolveram-se no Canadá devido a presença da floresta de coníferas, onde ocorria o desmatamento para alimentar essas indústrias. Atualmente não há mais necessidade de
destruir florestas nativas para esse fim, pois a silvicultura1 fornece a matéria-prima (pinheiros) necessária para aquelas
atividades industriais.
A
existência de uma boa rede de transportes é um fator determinante para a localização de qualquer indústria. Portos marítimos ou fluviais,
entrocamentos
rodoviários
ou ferroviários, possibilitaram o desenvolvimento de importantes centros industriais. As indústrias que produzem bens de alto valor agregado, as de informática, por exemplo, tendem
a se localizar nas proximidades de aeroportos.
O aperfeiçoamento dos meios de transporte permitiu que
muitas indústrias, antes condicionadas
às áreas de ocorrência de matérias-primas, se deslocassem para regiões distantes das mesmas. O Japão é um bom
exemplo. Grande produtor de aço, importa de longe
o minério de ferro e o carvão utilizado nas suas indústrias. Houve uma fase (início do século XX) que o Japão tomou posse da
Manchúria (China) para utilizar o carvão presente naquela
região. O Canadá se tornou
grande produtor de alumínio, embora
tivesse de importar a
matéria-prima necessária a sua produção que é a bauxita. A despeito da produção de alumínio implique em grandes
gastos de energia, tal atividade compensa em
razão do Canadá ser grande produtor de energia elétrica.
Quanto ao Japão, não é grande produtor de alumínio, justamente porque é considerável a quantidade e, consequentemente, o custo
da energia nesse tipo de atividade industrial, preferindo empregá-la em outras atividades mais essenciais ao país. Neste caso, é mais lucrativo importar o alumínio. Aliás, aquelas
atividades industriais que exigem o consumo de muita energia, vem sendo, cada vez mais, direcionadas para os países de
industrialização tardia abundantes em fontes de energia elétrica. Assim,
esses países, ao invés de exportar a bauxita, exportam
o alumínio, após o enorme dispêndio com gastos de
energia. Na verdade, estão exportando valores
agregados, energia e água quando
da produção do alumínio, os quais não são remunerados devidamente.
As siderúrgicas japonesas e as
metalúrgicas canadenses são influenciadas por locais
onde foram construídos os portos
que possibilitam ao atracamento de navios carregados de minérios.
O processo de industrialização sempre esteve ligado aos
centros urbanos, e muitas cidades tiveram
seu ritmo de crescimento acelerado
em função da instalação de indústrias, transformando-se em pólos de atração de
outras indústrias. A cidade de Campinas, por
exemplo, a partir do decênio de 1990, acelerou seu crescimento face à
instalação de indústrias de alta tecnologia – telecomunicações, informática etc. – atraídas
pela boa infra-
estrutura local,
tais como centros
de pesquisa (UNICAMP) e mão-de-obra qualificada.
Os fatores naturais para a localização das indústrias que
foram importantes numa determinada
época, podem não ser mais em outra. O fato é que, com o desenvolvimento das técnicas de produção, novos fatores vão se apresentando e passam a condicionar outras
formas de organização do espaço industrial. As modernas indústrias se
desprenderam dos tradicionais fatores
de localização porque a revolução
nos transportes e nas telecomunicações possibilitaram às grandes
corporações fabricar seus produtos em várias
partes do mundo por meio de suas filiais. A proximidade do mercado
consumidor ou das matérias-primas para muitas indústrias deixaram de ser importantes e passaram a priorizar os incentivos fiscais e a mão-de-obra
barata que, juntamente com os elevados níveis de automação, barateiam os custos do produto o bastante para serem transportados de longas distâncias e ampliar o mercado consumidor, com a inserção de populações de baixa renda.
Com a globalização econômica, o mercado consumidor não é
mais só aquele próximo aos centros de produção, mas o mundo inteiro.
As facilidades de deslocamento do capital, devido aos meios virtuais, transformaram os grandes investidores em
agentes capazes de influenciar as decisões dos
governos.
A concentração do capital na fase industrial deu origem à
metrópole. Depois, em sua fase
financeira e informacional deu origem à megalópole, ocorrendo uma super- concentração do capital, a qual provocou
elevação no preço dos imóveis,
congestionamentos das redes
de transportes e de comunicações, aumento do custo
de mão-de-obra devido à
organização dos sindicatos, enfim, por estas razões, aliadas à revolução técnico-científica, deu-se início a uma reorganização do espaço industrial no mundo. Trata-
se da desconcentração industrial. A
modernização dos meios de comunicação em geral, possibilita, cada vez mais, o rápido deslocamento de
mercadorias, pessoas e informações pelo espaço
global.
Concomitante a essa desconcentração, ocorre
também a descentralização do capital e do trabalho. O crescente movimento da
população em direção à periferia dos grandes
centros urbanos e às cidades de porte médio (que estão se transformando
em verdadeiras metrópoles), tem levado à desconcentração do mercado, permitindo às indústrias escolherem os fatores locacionais mais desejáveis, resultando na industrialização de novas áreas.
Custos menores de produção, salários
mais baixos, terrenos
mais baratos, boa infra- estrutura, fontes de energia disponível,
incentivos fiscais, são fatores que não são mais oferecidos pelas regiões
de industrialização tradicional.
A descentralização industrial acontece em todas as escalas:
local, nacional e mundial.
O desenvolvimento das redes de transportes, telecomunicações e informações levam a interdependência entre os diversos
espaços, permitindo a globalização das indústrias.
Uma empresa pode ter sede em um país, desenvolver projetos em outro e produzir em diversas partes do mundo, já
que o mundo é um só mercado. Muitos países desenvolveram
suas indústrias mais em função do mercado externo, até porque não têm mercado interno suficiente para absorver
sua produção. Quando há excesso de produção não
é mais possível ampliar as vendas internamente, busca-se mercados externos para evitar
crises de desemprego.
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