MODELOS ECONÔMICOS (1)

 


                Cidade de São Paulo. Vale do Anhangabaú, 2018. Foto do autor

Prof. Aguimon Alves – 2024


           

MODELOS ECONÔMICOS

Prof. Aguimon Alves


           
Duas teorias econômicas ao longo do século XX provocaram acirradas discussões. A teoria liberal e a teoria marxista.

Teoria liberal. Os teóricos deste modelo defendem a economia de livre mercado, sistema econômico fundamentado na propriedade privada dos meios de produção. Há pouca interferência do Estado.

Para o funcionamento da economia de mercado, guiada pelo princípio da livre concorrência, o produtor define o preço dos seus produtos de maneira que ele consiga cobrir os custos da produção e tenha a margem de lucro. O consumidor, conforme a sua renda, decide o que comprar, priorizando aquilo que satisfaz suas necessidades vitais, bem como seus desejos. O sistema tem variáveis controladas pelos cidadãos. Obviamente que o sistema não funcionará bem se a renda dos trabalhadores em geral não for satisfatória. Problema que decorre da baixa produtividade do trabalho que está associado ao baixo nível de qualificação. 

 Vejamos detalhes da economia de mercado

Na livre concorrência os agentes econômicos (as famílias, as pequenas, médias e grandes empresas) estão livres para negociar a compra e venda dos produtos sem grandes interferências do Estado. Neste ambiente econômico os preços das coisas são regulados conforme o nível de concorrência entre as empresas e a capacidade de compra dos consumidores.

Quando existem diversas empresas atuando no mesmo setor da economia, produzindo e vendendo, há uma tendência de queda dos preços. Entretanto, o preço de venda de um produto nunca pode ser menor do que o custo de sua produção sob pena de a empresa falir. No ambiente econômico onde a concorrência é garantida o vendedor regulará o preço levando em conta o custo da produção, a margem de lucro e a capacidade de compra de seus clientes.

Se, por ventura, um determinado vendedor exagerar no preço, o concorrente com melhor oferta atrairá o consumidor. Justamente por existirem empresários que agem de má fé e cobram preços muito além do custo de produção e da margem justa de lucro, os consumidores devem pesquisar o mercado antes de comprarem.

Cabe ressaltar que no mundo dos negócios existem práticas desonestas que prejudicam o consumidor, como é o caso da prática de dumping. Acontece da seguinte forma: uma empresa forte começa a vender seu produto por um valor muito abaixo do custo de produção. Sua intenção é aniquilar os concorrentes, levando-os à falência.

Por exemplo: digamos que existam numa determinada região quatro empresas que fabricam e vendem telas de computadores de igual qualidade. Uma dessas empresas, que tem filiais em diversos países, resolve abaixar o preço para um valor muito abaixo do custo de produção, atraindo a massa de consumidores. Depois de algum tempo, as outras que não têm condições de vender o produto abaixo do custo, acabam indo à falência. Quando isto acontece, a empresa que ficou sozinha no mercado eleva o preço das telas de computadores a um valor muito mais alto em relação àquele praticado num ambiente de concorrência. Quem perde é o consumidor que terá de arcar com um custo maior.

Também existe uma outra forma de elevar o preço de um produto ou mesmo evitar a queda do preço. Trata-se da fusão entre grandes empresas para evitar a concorrência.

Justamente para impedir que os sentimentos predatórios evoluam é que o Estado deve agir. Ou seja, deve criar as condições favoráveis para que os concorrentes briguem pelos consumidores e que o menor preço e qualidade esteja à disposição dos compradores finais.

Pode ocorrer de o próprio Estado (a depender do perfil do governo) facilitar a concentração de determinados setores da economia. Por exemplo: poucas e grandes construtoras que trabalham para o governo são privilegiadas com a contratação de grandes obras a preços superfaturados. Quando há poucas empresas numa determinada atividade, fica mais fácil combinar entre elas qual a parcela de cada uma, sem a necessidade de oferecer o menor custo possível na realização das obras que são pagas com o dinheiro dos nossos impostos.

 Teoria marxista. Entendem os teóricos deste modelo que a economia tem que ser controlada totalmente pelo Estado. Não pode haver total liberdade econômica, sob alegação de que isto prejudicaria a população. Portanto, além do modelo de economia de livre mercado (capitalismo concorrencial) há quem defenda este modelo econômico.

Neste modelo de economia totalmente centralizado, também conhecido como economia planificada ou modelo socialista, os meios de produção (maquinários, imóveis etc.) são de propriedade do Estado. O governo não permite investimentos de capital privado e nem pode existir qualquer empreendimento individual. O governo controla não só a economia, mas também monitora qualquer atividade de possíveis opositores que ousarem reivindicar algum nível de liberdade.

Os burocratas do governo determinam o que deve ser produzido, quanto deve ser produzido, como deve ser distribuído e quanto deve ser cobrado. Só existe um único empregador, o Estado. Portanto, não há como os trabalhadores almejarem ascensão social, restrita aos burocratas do partido. O resultado disto é a escassez de produtos, provocando filas para adquirir inclusive os bens de necessidades primárias (alimentos, bens de consumo duráveis etc.).

Neste modelo econômico a igualdade é facilmente implantada, pois massa populacional é igualmente pobre, ao passo que apenas um pequeno percentual de burocratas do Estado usufrui de boas condições de vida.

 Outros modelos econômicos

Economia mista. Padrão de economia no qual participam tanto a esfera pública quanto a privada. Neste caso, existem muitas empresas estatais atuando em setores tipicamente empresariais. Um pequeno grupo de grandes empresas privadas nacionais que controlam importantes setores da economia recebem benefícios do Estado em troca de apoio econômico. Há um exagero à proteção da economia nacional, fechando-se o máximo possível para os mercados internacionais.

Este modelo aconteceu nos Estados fascistas, como foi o caso da Alemanha e da Itália. Na Alemanha nazista (1933-1945) empresas como Volkswagen, BMW, Mercedes e a Hugo Boss se beneficiavam das políticas econômicas do nazismo. Na Itália de Mussolini (1925 a 1943) o governante identificou suas políticas econômicas com o “capitalismo de estado” que, na verdade, é uma espécie de socialismo que convive com algum nível de economia privada. Este modelo também é conhecido como "dirigismo econômico", um sistema econômico em que o Estado tem o poder de dirigir a produção econômica e alocar recursos.

Economia keynesiana. Neste modelo defende-se que o Estado deve intervir na economia sempre que for necessário a fim de evitar a retração econômica e garantir a empregabilidade. De acordo com John Keynes (1883-1946) a teoria liberal não disponibiliza mecanismos e ferramentas capazes de garantir a estabilidade econômica e segurança social de um país. Por isso, o poder público tem que investir em áreas onde as empresas privadas não têm interesse. Deve também o Estado distribuir benefícios sociais para a população de baixa renda, afim de garantir um sustento mínimo.

Este modelo também é conhecido como desenvolvimentista e foi adotado nos EUA por conta da Grande Depressão Econômica de 1929. O então presidente Franklin Roosevelt criou um programa econômico denominado New Deal (1933/1937), objetivando recuperar a economia dos EUA. Muitas obras públicas (estradas, represas etc.) foram contratadas como forma de gerar empregos. Para pagar os salários o Estado emitiu moeda sem lastro, ou seja, o dinheiro que passa a circular não tem correlação com a produção de alguma riqueza. Somente com o advento da Segunda Guerra Mundial em 1939 e depois com o ingresso dos EUA em dez/1941 é que a economia de fato como se recuperou. Após guerra o país dá início a um extraordinário período de prosperidade.

Este modelo também foi largamente adotado no Brasil na época de Getúlio Vargas de 1930-1945 e 1951-1954 e também em outros governos como Juscelino Kubitschek (jan/1956 a jan/1961) e também nos governos militares. Desde o primeiro governo de Vargas e até na ditadura militar (1964-1985) várias empresas estatais foram criadas para atuar em setores que exigiam grandes somas de capital (energia elétrica, mineração, petróleo, comunicação etc.). Investimentos nessas empresas estatais e realizações de grandes obras de infraestrutura requisitaram emissão de papel moeda sem lastro e empréstimos internacionais, gerando altos índices de inflação.

Quanto à atuação do capital privado, as oportunidades se restringiam à produção de bens de consumo duráveis e não duráveis. O modelo econômico adotado no Brasil altamente dependente do capital estatal, não trouxe desenvolvimento social satisfatório. É por isso que existe um grande número de pessoas que dependem de benefícios do governo e dos péssimos serviços ofertados. Isto é resultado dos exageros deste modelo econômico, cujos teóricos mais radicais entendem que o governo deve gastar o máximo possível sob o pretexto da justiça social. Mas os gastos sem controle acabam piorando a situação econômica a longo prazo. A população só percebe depois que o estrago econômico já foi feito.

 As ações econômicas são diversificadas

Os estudos do comportamento da economia na interação com o mercado estão divididos no âmbito da microeconomia e da macroeconomia.

            A microeconomia analisa a economia em pequena escala. Exemplos: as empresas planejam seus negócios e estratégias, as famílias priorizam gastos e até os indivíduos se organizam na hora de tomarem decisões.

Já a macroeconomia analisa a economia em grande escala. Depende de os governantes intervirem apenas o suficiente para evitar algum desajuste econômico. Vários fatores podem atrapalhar as estratégias macroeconômicas de um país. Por exemplo: uma guerra, uma crise no fornecimento de petróleo, uma pandemia, crises econômicas em grandes potências etc. Os técnicos do governo devem observar os cenários econômicos e aconselhar o governante a tomar a melhor decisão. Mas se o governo tomar a decisão errada, deixando prevalecer os acordos políticos sobre as decisões técnicas, os erros no planejamento macroeconômico acabam prejudicando o conjunto da população. E a recuperação econômica pode durar anos e décadas.

  Economias conectadas

No contexto internacional, a economia de mercado vive em constante interdependência. O isolamento econômico empobrece as pessoas. Todos os países dependem uns dos outros; uns mais, outros menos. As trocas comerciais são fontes de enriquecimento, pois as pessoas consomem produtos fabricados em outros países.

A pobreza presentes em vários países e regiões decorrem da baixa atividade do capitalismo concorrencial. Infelizmente há lugares onde os grupos políticos não criam estruturas para atraírem vultosos investimentos do capital privado que deseja conquistar mais mercados. Nesses países, o Estado é o meio pelo qual os tiranos dominam as pessoas, mantendo-as na pobreza eterna e na ignorância. No máximo concedem migalhas a título de benefícios.

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